E hoje estou aqui presa a este
minúsculo computador porque senti necessidade.
Há dois dias, no trabalho,
alguém ao meu lado questionou-me a forma como eu soube de tudo.
E hoje estou aqui e sinto que
cada vez que eu falo um bocadinho o aperto que se instalou à 9 anos atrás se
desenlaça aos poucos.
Devagar. Pensei eu.
Não inverti o olhar, e só
resumi.
Há pormenores que não devem ser pronunciados.
Se estava a doer, estava.
Mas há sempre uma lágrima que me deixa ficar mal?
Deixei que o sol que batia no vidro me secasse a cara. Já
que a gota que me caiu no caderno eu limpei-a com a blusa.
Estaria menos forte contigo, nitidamente. A vida fez questão
de me atirar a uma manada de lobos.
Mas claramente que estaria melhor.
Mais mimada.
Mais muito mais feliz.
Faltas-me tu. Todos os dias na minha vida.
Seja para me atirares o chinelo a entrar na cozinha ou para
eu te agarrar porque eu era uma beijoqueira.
Fizeste o teu melhor papel. A de mãe.
Tenho tantas saudades tuas.
Amo-te.