domingo, 17 de maio de 2020

Não te poupei quando podia


Sinto muitas vezes os sinais que me deixas. 
Se algum dia ia achar que estavas tão perto de mim, hoje foi o dia.
Já não te tenho para me mandares vestir o casaco quando está frio, ou para me acordares quando já estou atrasada para o trabalho. 
Fui obrigada a apender por mim, que se não vestir o casaco vou ficar doente, e que desligar o despertador 10 vezes do telemóvel não me vai tirar a preguiça.
À dez anos eras o meu despertador, e eu não me levantava se não me viesses tirar o cobertor. Eu sei, que parva. Não te poupei quando podia. 
Fui o teu lembrete de medicamentos durante meses, e a tua moleta também. 
Estavas fraca e frágil. 
E o aperto que sinto de todas as vezes que falo de ti, ninguém consegue reconfortar.
Um abraço bastaria para apaziguar o aperto e tapar o buraco que teima em não fechar.
Tenho saudades tuas, minha mãe.

Somos uns falhados


Estou de volta. 
Achei sempre que o meu futuro ia ser ao teu lado.
Mas também sempre defendi que no amor não deviam haver insistências. 
E eu insisti tanto que desgastei o amor que nos unia. 
Somos uns falhados no amor.
Devíamos ter dado as boas vindas à nossa nova fase da vida que se aproximava ao invés de querermos manter a rotina.
A história que tenho vindo a escrever aqui à anos, está-se a perder, se já não se perdeu à muito tempo.
Não sei se custa mais os kilómetros que faço à tua procura ou a mágoa de um coração em feridas que nunca chegam a curar.
Não há nada mais triste, que saber que perdemos para as insistências, para o amor e para nós.
Nunca sei ficar no meu lugar e tento sempre uma e outra vez.
Mas todas essas vezes que me ignoraste, que não te apeteceu atender uma chamada ou te desculpaste, eu anotei. Desculpa. Mas só seria mais uma vez a opção, das 3h, das 4h ou das 5h da manhã.
Queria acreditar na seriedade de uma relação.
E não queria ter tanto amor por ti.
Queria ter encontrado a solução e não ter esperado que esta fosse a única decisão.

what do tou think?