Há uns tempos entrei num bar e não vi ninguém seguro de si lá
dentro.
Miúdos de 40 e falsos adultos de 20 com o copo ou o cigarro na
mão. Procuram a liberdade ou a resolução dos problemas dentro de quatro paredes
na degustação profunda de whisky mais velho que eu, até de manhã. Qual é o
tamanho do teu fígado? De que cor é o teu pulmão? Como se houvesse uma maratona
de álcool. Não há limite e o exagero nem existe. O século em que eu nasci é o mais pobre em persistência e o mais
rico em desistência. A autodestruição passou a ser a solução para muitos, tanto
que até confiam no efeito negro da nicotina.
A ingenuidade pesa-lhes. E a liberdade consome-lhes.
Mas amanhã ainda voltam. E depois também.
O meu pai mal sabe que eu descartei esta vida para mim. Procuro
tudo menos uma noite rodeada de hálitos fortes a álcool, roupa a transpirar um
odor a tabaco ou a inconsciência que para alguns deve contagiar.
Há uns anos eu queria estudar o comportamento
humano porque deve ser de génio, mas o quê mais do que presenciar o descabimento
individual. Nenhum bom psicólogo forma-se com base em metros de apontamentos.
Ando a licenciar-me sem ir as aulas, muito menos sem matrícula.