Nos rascunhos das minhas notas tinha escrito isto à 5 anos atrás:
"Tenho
medo de um dia deixar-te sozinho e culpares-me pelo teu abandono. Já pareço mãe
quando penso nisto, mas o pai és tu.
Talvez os pedidos desculpa nunca sejam suficientemente capazes de compensar o
sentimento de culpa, mas
Desculpa pai se um dia eu pensar mais em mim do que em ti.
Desculpa se um dia me casar e tiver uma casa minha, mas juro que quero que
sejas tu a levar-me ao altar.
Estamos sozinhos nesta casa tão grande, novamente. Aos poucos, o percurso que
vou fazendo e crescendo é graças a ti, e ainda bem que é contigo. Nunca quis
mais do que isto, a não ser com a mãe também. Mas as vezes ainda fecho com
muita força os olhos e vejo nos os quatro juntos. Quem me dera que a dupla
tornasse-se tripla.
Porque neste momento pondero todas as minhas saídas. E sei que um dia vai
custar-me muito."
Hoje,
sentada no sofá de uma casa que já não partilho contigo, sinto o aperto de à 5
anos atrás, um misto de querer ficar, mas não te querer largar. O medo que
sintas que te deixei sozinho. Os jantares que muitas vezes não tem ninguém à
mesa. O bater da porta no meu quarto para eu me levantar, quando já ninguém lá
dorme. As coisas que de um dia para o outro deixam de existir. O silêncio que
aumenta.
Tenho medo de deixar que sintas a distância que pela força de nossa vontade,
ela existe.
E dizia eu que sabia o que me ia custar? Achamos sempre que sabemos quantificar
sentimentos. Agora percebo o verdadeiro tamanho desse “custar”.
E caramba.
Quantas vezes me viste destruída, triste e com um humor que nem eu
aguento. E mesmo assim sempre estás sempre lá para mim, da mesma forma.
Nunca vou achar que o que dou é o suficiente para o que recebi e recebo de ti.
Afinal colo de pai, faz sempre falta!
Espero continuar a ter-te por muitos anos.
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