segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

A liberdade consome-lhes


Estive feliz durante tanto tempo e achava eu que a felicidade era mais que isso. Queria mais do que a vida me podia dar.
Há uns tempos entrei num bar e não vi ninguém seguro de si lá dentro.
Miúdos de 40 e falsos adultos de 20 com o copo ou o cigarro na mão. Procuram a liberdade ou a resolução dos problemas dentro de quatro paredes na degustação profunda de whisky mais velho que eu, até de manhã. Qual é o tamanho do teu fígado? De que cor é o teu pulmão? Como se houvesse uma maratona de álcool. Não há limite e o exagero nem existe. O século em que eu nasci é o mais pobre em persistência e o mais rico em desistência. A autodestruição passou a ser a solução para muitos, tanto que até confiam no efeito negro da nicotina.
A ingenuidade pesa-lhes. E a liberdade consome-lhes.
Mas amanhã ainda voltam. E depois também.
O meu pai mal sabe que eu descartei esta vida para mim. Procuro tudo menos uma noite rodeada de hálitos fortes a álcool, roupa a transpirar um odor a tabaco ou a inconsciência que para alguns deve contagiar.
Há uns anos eu queria estudar o comportamento humano porque deve ser de génio, mas o quê mais do que presenciar o descabimento individual. Nenhum bom psicólogo forma-se com base em metros de apontamentos. Ando a licenciar-me sem ir as aulas, muito menos sem matrícula.

4 comentários:

  1. Vivemos numa modernidade em que todos sabem tudo o que não deviam saber e perdem o que deviam agarrar..

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    1. Nem mais Marta, vivemos numa sociedade que anda a perder o encanto ..

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  2. Vivemos através de ilusões!

    r: Muito, muito obrigada*

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thanks love(s).

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