Não estou bem com o meu pai.
Tantas noites que ele preferia que eu viesse
embora cedo com medo que fosse numa dessas vezes que me persuadisses. Tantas noites
que ele persistia que me trouxesses cedo e ainda não percebeu que as piores
noites são as que fico fechada no quarto a dormir.
Impingiram-me que fazer amor tinha que ser com
alguém que partilhasse do mesmo amor que eu. Lentamente. Percebi que não poderia
ser de outra forma. Nunca me ensinaram a importância da primeira vez mas
facilmente percebi.
Sempre me disseram que o meu corpo nu deveria
pertencer a alguém que confiasse cegamente, alguém que eu quisesse ficar para
sempre. E eu achava que ia ser assim. Entreguei-me de alma e de coração numa
dessas tardes que se repetiram em noites. Ao amor da minha vida.
Foi e ainda é intenso.
Foi e ainda é intenso.
Tantas vezes que eu recusei a tua aproximação
carnal e agora desejo-a desalmadamente. Não é obsessão, é tudo o que senti e
que nunca me deixaste que faltasse.
Jamais me ensinaram que mais do que a lembrança da
primeira noite a fazer amor existem todas as outras que ficam para vida.
Todos as marcas no pescoço desapareceram e os
arranhões nas costas deixaram de existir mas ainda continuo com inúmeros pedaços
nossos para juntar.
Nunca me ensinaram a forma como um primeiro amor
marcava. E logo eu que pensava que já tinha tido um primeiro amor. Antes de
perceber que nada se resumia a um amor tão cheio de amor. Antes de perceber da
possibilidade de amar tanto ou desta forma alguém. Como um cego que confia na sua bengala eu
confiava em ti de olhos fechados.
O teu toque ou o saber como me tocar. Estava tudo em ti. Moldaste-me da melhor forma. Foste o
primeiro ou o único. Isso ninguém te tira. Nem as marcas que nos levaram até
lá.
Não estou bem com o meu pai.
Nem contigo porque me marcaste para sempre e
não falo a nível sexual.
E com ele que nunca me ensinou a sobreviver a um
primeiro amor.
Sem comentários:
Enviar um comentário
thanks love(s).