terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Primeira vez. Primeiro amor.

Não estou bem com o meu pai.
Tantas noites que ele preferia que eu viesse embora cedo com medo que fosse numa dessas vezes que me persuadisses. Tantas noites que ele persistia que me trouxesses cedo e ainda não percebeu que as piores noites são as que fico fechada no quarto a dormir.
Impingiram-me que fazer amor tinha que ser com alguém que partilhasse do mesmo amor que eu. Lentamente. Percebi que não poderia ser de outra forma. Nunca me ensinaram a importância da primeira vez mas facilmente percebi.
Sempre me disseram que o meu corpo nu deveria pertencer a alguém que confiasse cegamente, alguém que eu quisesse ficar para sempre. E eu achava que ia ser assim. Entreguei-me de alma e de coração numa dessas tardes que se repetiram em noites. Ao amor da minha vida.
Foi e ainda é intenso. 
Tantas vezes que eu recusei a tua aproximação carnal e agora desejo-a desalmadamente. Não é obsessão, é tudo o que senti e que nunca me deixaste que faltasse.
Jamais me ensinaram que mais do que a lembrança da primeira noite a fazer amor existem todas as outras que ficam para vida.
Todos as marcas no pescoço desapareceram e os arranhões nas costas deixaram de existir mas ainda continuo com inúmeros pedaços nossos para juntar.
Nunca me ensinaram a forma como um primeiro amor marcava. E logo eu que pensava que já tinha tido um primeiro amor. Antes de perceber que nada se resumia a um amor tão cheio de amor. Antes de perceber da possibilidade de amar tanto ou desta forma  alguém. Como um cego que confia na sua bengala eu confiava em ti de olhos fechados.
O teu toque ou o saber como me tocar. Estava tudo em ti. Moldaste-me da melhor forma. Foste o primeiro ou o único. Isso ninguém te tira. Nem as marcas que nos levaram até lá.
Não estou bem com o meu pai.
Nem contigo porque me marcaste para sempre e não falo a nível sexual.
E com ele que nunca me ensinou a sobreviver a um primeiro amor. 

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